O Senhor Jesus advertiu seus discípulos e todos aqueles que o seguissem de que haveria perseguição, ou seja, não trata-se de questão de “SE”, mas de “QUANDO”.
Em suas palavras ele afirmou “eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10:16 ARC) e “odiados de todos sereis por causa do meu nome” (Mt 10:22 ARC).
Estas perseguições se levantariam contra os discípulos de Jesus (e contra nós) pelo simples fato de afirmarem que Jesus é o Messias de Deus profetizado no Antigo Testamento, o Filho de Deus, Deus encarnado, o único Salvador do homem, o único Mediador entre Deus e o homem e tudo mais que diz respeito à realidade de quem é Jesus.
Após a morte, ressurreição e assunção de Jesus, o Espírito Santo foi
abundantemente derramado sobre os primeiros crentes em Jesus (conforme profetizado em Joel 2:28-29), capacitando-os a anunciar o Evangelho com poder e autoridade, realizando sinais e maravilhas.
No entanto, como afirmou Jesus, iniciou-se uma grande perseguição contra os seguidores de Jesus.
O primeiro a ser martirizado por causa do Evangelho foi um dos sete homens escolhidos para serem diáconos na comunidade dos crentes em Jerusalém, um jovem cujo nome era Estêvão.
Estêvão foi preso e executado por ordem de um homem (outro jovem e proeminente fariseu) chamado Saulo de Tarso.
Um dos Primeiros Diáconos
Assim como Filipe, Nicanor, Nicolau, Pármenas, Prócoro e Timão, Estêvão foi um dos sete escolhidos para ser diácono na comunidade dos crentes em Jerusalém (At 6:1-7).
Para a função de diácono, uma função de servir materialmente os crentes necessitados, era necessário, por critério estabelecido pelos apóstolos, que a pessoa fosse cheia do Espírito Santo, de bom testemunho e cheia de sabedoria (At 6:3).
Assim, o texto de Atos dos Apóstolos informa que Estêvão era um “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (At 6:5 ARC), recebeu a oração e a imposição das mãos dos apóstolos para o exercer o diaconato (At 6.6).
Dentre estes sete homens, escolhidos, Filipe e Estêvão, apresentam uma narrativa a parte em Atos dos Apóstolos, enquanto Filipe se torna um evangelista, anunciando Cristo com poder e autoridade pelas regiões que passava, Estêvão anunciava Jesus com poder e sabedoria o Evangelho, proporcionando grandes debates e discussões nas sinagogas.
A Vida de Estêvão
O nome Estêvão em grego é στεφανος (Stephanos) que traz o
significado de coroa, grinalda ou até mesmo riqueza. Há somente uma
pessoa com o nome de Estêvão mencionada no Novo Testamento, Estêvão o diácono.
Seu nome aparece em Atos dos Apóstolos na escolha dos sete diáconos para auxiliarem nos trabalhos materiais da primeira comunidade de crentes em Jesus (At 6:1-7).
No capítulo 6 do livro de Atos, além de apresentar a escolha dos diáconos, a partir do versículo 8, adentrando nos capítulo 7 e 8, a narrativa passa apontar aspectos da vida de Estêvão.
Embora a Bíblia Sagrada não apresente mais detalhes sobre estas informações, mas alguns intérpretes do Novo Testamento afirmam que Estêvão era um helenista, ou seja, um judeu que falava o idioma grego.
Além disso, afirma-se também que Estêvão poderia ser um dos setenta discípulos que acompanharam o ministério de Jesus.
Pelo seu discurso de defesa (com autoridade e, podemos dizer, apologético) durante o seu julgamento no sinédrio, pode-se afirmar que Estêvão era um profundo conhecedor dos textos do Antigo Testamento e todo este conhecimento tornou-se ainda mais profundo diante da revelação de quem é Jesus Cristo.
Sabedoria e Autoridade
O texto de Atos dos Apóstolos destaca que “Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6:8 ARC) e aqueles que o ouviam “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6:10 ARC).
Estêvão era um homem cheio do Espírito Santo, consequentemente, suas ungidas palavras começaram despertar controvérsias nas sinagogas provocando a ira da classe religiosa dos judeus a ponto de agirem com fraudes e covardia, subornando pessoas a mentirem contra Estêvão a fim de prendê-lo e conduzi-lo ao sinédrio (At 6:8-12).
Nos chama a atenção esse acontecimento (entre tantos narrados no Novo Testamento) em que os judeus (sua casta de líderes religiosos) violavam inúmeros mandamentos claros (como a proibição de dar falso testemunho) para desacreditar um oponente.
No sinédrio, diante das falsas acusações de que Estêvão “blasfemava contra o templo em Jerusalém”, as pessoas presentes, quando olharam para ele “viram o seu rosto como o rosto de um anjo” (At 6:13-15).
Como defesa diante do sinédrio Estêvão começa a narrar a história dos hebreus desde a saída de Abrão da Mesopotâmia, discorrendo até a vida e o chamado de Deus à Moisés, passando por Josué, Davi, Salomão e o templo (At 7:1-50).
Ao apresentar a história dos hebreus, Estêvão afirma que seu povo perseguiu os profetas, não guardaram a lei estabelecida por Deus, e ao longo da história sempre resistiram ao Espírito Santo de Deus (At 7:51).
Primeiro Mártir Cristão
Suas palavras atiçaram ainda mais o ódio dos presentes no sinédrio, e cheio do Espírito Santo, olhando para o céu, “viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus” (At 7:55 ARC) afirmando:
“Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7:56 ARC).
Como citado acima, essa postura apologética (e trinitária) desse jovem não apenas falava da revelação progressiva planejada pelo Pai, executada pelo Filho e com a ação do Espírito Santo, mas também apresentava toda base teológica nas próprias Escrituras.
Como não conseguiam argumentar e refutar ao que Estêvão falava, os membros do sinédrio gritaram freneticamente, taparam os ouvidos, o agarraram e o levaram para fora da cidade e o executaram por apedrejamento (At 7:57-58).
Nas palavras finais de Estêvão ele afirmou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7:59 ARC). O texto de Atos ainda informa que ele se pôs de joelhos e clamou com grande voz “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7:60 ARC), ou seja, Senhor, não os responsabilize por este
pecado.
O início do capítulo 8 de Atos dos Apóstolos informa que outro jovem, Saulo, consentiu com a morte de Estêvão, ou seja, Saulo ficou satisfeito com a execução de Estêvão, e como prêmio trouxeram as vestes de Estêvão e as trouxeram até Saulo (At 7:58).
Paralelos com Jesus
Estêvão foi o primeiro cristão martirizado por seu amor e fidelidade ao Senhor Jesus Cristo. Suas últimas palavras foram semelhantes as do Filho de Deus, entregando o seu espírito ao Pai (Lc 23:46) e pedindo que o Pai perdoasse aqueles que estavam o executando (Lc 23:34).
Além disso, da mesma forma em que as vestes de Jesus foram divididas entre os soldados (Mt 27:35), as vestes de Estevam foram trazidas até Saulo de Tarso.
Conclusão
Uma vida cheia do Espírito Santo, conhecimento das Escrituras Sagradas, santidade, autoridade, poder, palavras firmadas na verdade e misericórdia pelos inimigos são as caraterísticas marcantes da vida de Estêvão que merecem ser seguidas por todo cristão verdadeiro.
Estêvão é um modelo de fidelidade ao Senhor Jesus. E isso precisa provocar em nós a coragem de responder uma pergunta muito importante:
Até quando vamos suportar a defesa do Evangelho?
Esse artigo foi adaptado do artigo original do nosso irmão Moisés Brasil. Você pode acompanhar o seu trabalho excepcional através do YouTube e Instagram.
Fique na Paz!