Nem todo casal vibra quando ouve que vai ter encontro de casais na igreja. Alguns lembram de dinâmicas sem graça, outros já pensam em como vão encaixar mais um compromisso na agenda cheia.
E, para ser justo, às vezes nem quem organiza sabe muito bem por onde começar ou o que realmente funciona.
Já ouvi relatos como: “Fizemos um jantar no Dia dos Namorados, mas quase ninguém apareceu” ou “Preparamos uma palestra, mas o povo saiu do mesmo jeito que entrou”.
Isso não é desânimo — é o reflexo de quem tenta acertar e não vê resultado. O que falta, muitas vezes, não é esforço, mas direção.
Vamos conversar sobre como tornar esses encontros mais leves, reais e eficazes — com base na Palavra e em princípios que ajudam os casais a crescerem de forma saudável.
Por que Reunir Casais?
O casamento é uma caminhada cheia de fases. Há momentos em que tudo parece se alinhar, mas também existem períodos em que o casal precisa parar, respirar e lembrar por que decidiu seguir junto.
Mesmo casais firmes na fé e atuantes na igreja podem, sem perceber, se desconectar emocionalmente.
Alguns lidam com a pressão do trabalho, dos filhos, das contas a pagar. Outros simplesmente não têm tido tempo de qualidade a dois.
A Bíblia mostra que a união conjugal é um projeto de Deus. Em Gênesis 2:18, o Senhor diz:
“Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda.”
Ou seja, o casamento não é apenas uma parceria funcional — é um vínculo de auxílio mútuo, cuidado e propósito divino.
Reunir casais, portanto, é mais do que organizar eventos. É proporcionar um ambiente para fortalecer vínculos, abrir o diálogo e renovar o pacto de caminhar juntos com amor e reverência a Deus.
Como Começar?
O simples funciona. Quanto mais natural, maiores as chances de sucesso.
Alguns princípios para começar com equilíbrio:
- Respeite a rotina. No livro Igrejas que Impactam, de Larry Osborne, o autor comenta sobre a concorrência dos eventos seculares (e também da própria igreja) na rotina das pessoas. Por isso, o ministério de casais deve escolher bem o dia da semana e garantir que as reuniões não sejam longas.
- Prometa só o que pode cumprir. Se não for possível preparar um jantar, um café com bolos e pão de queijo já cria um bom ambiente.
- Defina um propósito claro. Um encontro pode ser mais reflexivo, outro mais descontraído. O importante é que cada reunião objetiva.
- Use o que você tem. Uma sala com cadeiras, um ambiente informal e uma conversa bem conduzida podem ser mais eficazes do que um evento cheio de protocolos.
Efésios 5:15-16 nos lembra:
“Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem… aproveitem ao máximo todas as oportunidades.”
Quando falamos de encontros de casais, isso se aplica tanto ao conteúdo quanto ao formato. Oportunidades bem aproveitadas são fortes aliadas no desenvolvimento conjugal.
O que Faz Diferença?
Não existe fórmula mágica, mas alguns elementos trazem mais significados aos encontros:
- Oração que aproxima. Sem formalismo. Apenas um momento sincero de entrega por aqueles casais que estão ali.
- Espaço para compartilhar. Uma pergunta como “Qual foi a situação mais difícil que vocês enfrentaram juntos neste ano e como superaram?” abre espaço para vulnerabilidade com edificação para todos.
“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” (Gálatas 6:2)
Testemunhar a superação alheia encoraja e mostra que ninguém está só. - Tempo a dois. Crie pausas em que cada casal converse entre si. Um cartão com perguntas como “Qual a maior expressão de amor que você reconhece no outro no dia a dia?” pode contribuir para esse tempo com propósito.
- Leveza e humor. Atividades como um jogo de memória com “frases típicas de casais” (ex: “Você nunca escuta o que eu digo!”) ajudam a trabalhar padrões de comunicação com graça e reflexão.
- Palavra bíblica com aplicação. Uma leitura breve de Eclesiastes 4:9-12 (“Melhor é serem dois…”) com aplicação prática reforça a importância de caminhar lado a lado — em apoio espiritual e emocional.
Ideias que Funcionam
Essas atividades foram testadas em contextos de igreja e se mostraram eficazes:
- Cartões de Edificação.
Cada cônjuge escreve três atitudes do outro que o fazem se sentir amado. Depois, compartilham entre si. A base é 1 Tessalonicenses 5:11: “Edifiquem-se uns aos outros.” - Jantar Simples com Propósito.
Um lanche coletivo, com pratos compartilhados e tempo para partilha de vida. Finalize com um texto bíblico como Provérbios 15:17 (“Melhor é um prato de hortaliças, onde há amor…”), reforçando que o essencial é a presença, não o luxo. - Histórias que Ensinam.
Um casal mais experiente da igreja compartilha como venceu uma crise específica (ex: falência financeira ou perda de um filho). Após o relato, proponha oração em pequenos grupos — um momento de intercessão prática. - Encontro ao Ar Livre com Alvo Espiritual.
Caminhada ou piquenique com tempo de oração conjunta e leitura devocional baseada em Colossenses 3:14: “Acima de tudo, porém, revistam-se do amor…”
Retiro para Casais da Igreja
Geralmente, esse evento exige um planejamento maior, tanto da equipe ministerial quanto um investimento financeiro por parte dos participantes.
Mas esse investimento dá frutos, pois permite que os casais tenham tempo de qualidade, passando dois ou três dias em contato com um pastor experiente em ministrações e aconselhamento de casais.
Os benefícios se estendem também à comunhão da igreja, já que os casais presentes no retiro são, muitas vezes, os mesmos que convivem semanalmente no templo.
Como Manter o Ritmo?
Mais do que um grande evento, encontros de casais (especialmente os periódicos) funcionam melhor como prática contínua.
- Regularidade com simplicidade. Um por trimestre já é suficiente para criar cultura.
- Equipe com diversidade. Envolva casais mais maduros, jovens casados, até solteiros com boa escuta. Diferentes perfis somam.
- Ouça quem participa. Tenha um canal — pode ser uma caixinha anônima ou um grupo de WhatsApp — para sugestões e feedbacks sinceros.
“Onde não há conselho, os planos fracassam; mas com muitos conselheiros há bom êxito.” (Provérbios 15:22)
Para Terminar (Sem Pressão)
Se você está pensando: “Será que conseguimos fazer isso por aqui?”, a resposta é sim — se começar com o que tem em mãos.
Não precisa ser perfeito. Só precisa ser sincero e, principalmente, fazer tudo com planejamento e oração.
Quando um casal se sente visto, ouvido e incluído, algo muda. Talvez o próximo encontro não resolva tudo. Mas pode ser o ponto de partida de uma nova fase.
O casamento foi criado por Deus, sustentado por amor e fortalecido em comunhão.
E a igreja pode — e deve — ser esse lugar de renovação, onde casais não apenas sobrevivem, mas aprendem a florescer.
E, então, o que sua igreja tem feito para fortalecer a comunhão dos casais?
Fique na paz!